O motivo é que se livrar de um comportamento ruim vai além da força de vontade – o que, vamos combinar, já não é pouca coisa. Existe um componente de peso testando nossa persistência sempre que resolvemos mudar o rumo da vida: o cérebro, que colabora para que você se sinta melhor cultivando os velhos hábitos de sempre, por pior que sejam, do que tentando se livrar deles.
Autossabotagem? Não, questão de evolução. Fomos selecionados para dar valor àquilo que aumenta nossa chance de sobrevivência.
Piloto automático
Nosso cérebro é programado para trabalhar com economia de energia, realizando várias tarefas de modo mecânico enquanto deixa espaço para a cabeça focar em outras. Saiba que hábitos são sequências de ações aprendidas depois de muita repetição, até que passam a ser executadas com o mínimo de esforço mental.
Isso explica por que acordar cedo para ir à academia não parece uma boa ideia para o cérebro nas tentativas iniciais. Ele precisa, primeiro, aprender a fazer isso. Depois de alguma insistência, passa a gostar do estímulo das endorfinas e aí, sim, está formado o hábito. O tempo que isso leva varia de uma pessoa para outra, mas alguns especialistas defendem que três semanas é tempo suficiente para conseguir.
Prazer que vicia
Existem vários tipos de hábitos. Quando um pedaço de chocolate dissolve na sua boca, por exemplo, ocorre uma descarga de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, que converge para uma área cerebral chamada de centro de recompensa. Se uma substância (como o açúcar e a maioria das drogas) estimula a produção de dopamina repetidas vezes, desencadeia uma espécie de dependência: você sabe que não é bom exagerar, mas é difícil resistir.
O professor Wolfram Schultz, de Cambridge, estuda os mecanismos da aprendizagem há mais de 20 anos e descobriu que, depois de algum tempo repetindo um comportamento, o cérebro passa a antecipar a recompensa. No caso daquele pedaço de chocolate, você sente o gostinho antes de encostá-lo na língua – o que torna mais difícil não se render a ele. Difícil, mas não impossível.
Em busca de aceitação
Muitas vezes, repetimos um modo de ser ou fazer porque, assim, seremos amadas e admiradas. Um comportamento é a expressão de fatores que envolvem nossas memórias e valores. O americano Timothy Wilson concorda. “Ações viram hábitos quando conversam com nossa história e desejos.” Por exemplo, uma criança que sentia falta da atenção dos pais pode crescer acreditando que há algo de errado com ela. Mais tarde, quando se apaixona, pode acabar afastando o parceiro(a) por, inconscientemente, sentir que não merece carinho verdadeiro. Situações estressantes também podem desequilibrar o funcionamento neural, facilitando o aparecimento de hábitos nocivos.
Passo a passo da mudança
A rotina: identifique o comportamento que quer mudar. Por exemplo, toda tarde, por volta de 16h30, você levanta da sua cadeira do escritório e vai com as amigas até a lanchonete para comprar um bombom.
A recompensa: o que você realmente busca quando vai à lanchonete? Se alimentar? Fazer uma pausa no trabalho? Conversar com as amigas?
A deixa: essa é a parte mais difícil. Preste atenção no que desencadeia o processo de levantar para ir à lanchonete. Anote padrões que se repetem no momento anterior ao impulso de levantar. Você se sente ansiosa, estressada, entediada? Está sempre com fome nesse horário?
O plano de ação: entendendo o que está por trás de um hábito, é possível trocá-lo por outro. Se o motivo é o tédio, caminhar ou sair para um café produz o mesmo efeito. Quando quer socializar, dá para ir até a mesa de alguém bater um papo. Se é a fome que chega às 16h30, uma fruta ou um iogurte (e não um bombom) resolve.
A vida é dura? Às vezes. No entanto, quanto mais hábitos saudáveis você cultivar em sua vida, mais forte você ficará. Hábitos não são destino. Mudar seus hábitos, depende exclusivamente de você!
Abraços, e até o próximo post!
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Respostas de 2
Obrigado por compartilhar, essas informações são de grande serventia.
Percebo aqui que alguns querem parar de beber ou fumar, mas não conseguem se imaginar sem encontrar com os amigos, e sentir aquelas sensações de alegria e prazer que por exemplo o álcool traz… Então, por mais que saibam os malefícios que traz o álcool, ” A vida vai ser dura demais sem isso”… Praticamente um pré requisito daquele ciclo social, se para de beber, como alguns alegaram ter parado por um tempo, “não é a mesma coisa” ” as ideias não batem”… E aqueles que conseguiram, mudaram completamente seu ciclo social, frequentando lugares, diferentes, para propositos diferentes…
Gostaria de saber se tem algum pensamento sobre isso que possa compartilhar?
Obrigado
Olá Ney! Seu comentário é muito pertinente. Quando falamos em hábitos, de fato o meio influencia muito, e mudar de ambiente é algo recomentado. Sabe por quê? Porque mudar um hábito exige muito mais que força de vontade. É um processo difícil e, às vezes, até doloroso (quando o “gatilho que aciona o hábito” está ali presente). O ambiente afeta nosso comportamento, assim como nosso comportamento afeta o ambiente.
Vamos fazer um exercício: Você acha que se em seu círculo de amizade seus amigos bebessem pouco (apenas socialmente), ou se o exemplo das pessoas do seu ciclo social tivesse um equilíbrio maior com o consumo de álcool, por exemplo, você também não seria mais regrado?
Se sua resposta for sim, você pode estar sendo influenciado pelo meio. Se a resposta for não, pense se esse consumo é apenas um hábito ruim ou se já se trata de uma dependência leve. Se for uma dependência, e você gostaria de se livrar disso, procure ajuda profissional. No caso de ser apenas um hábito ruim… Uma dica que costumo falar quando falamos em hábitos, é o seguinte: reflita um pouco sobre o que é mais importante para você. Pensou? O restante é uma questão de escolha! Sendo que para toda escolha, sempre iremos renunciar a algo. 🙂
Quer diminuir o consumo, mas não quer mudar de ciclo social? Não tem problema! Apenas esteja ciente que a mudança será mais difícil e dolorosa, exigirá mais de você. Principalmente de decisões mais conscientes, já que a grande maioria das ocasiões sociais giram em torno da bebida. Neste caso, esteja preparado para situações, como por exemplo, quando os amigos começarem a falar algo do tipo: “Tá fraco!”, “Só mais uma”, “A saideira” (que nunca acaba), “Uma vez ou outra, não faz mal”, etc..
Caso você queira diminuir o consumo e acredita que mudar seu ciclo social será melhor para manter um novo hábito, também poderá ser doloroso no início, mas será mais fácil mudar o hábito – e também uma oportunidade de “sair da bolha”, fazer novas amizades, investir no fortalecimento de relações que sejam importantes para você, de encontrar um novo mundo social onde beber não é a única função da festa.
Por fim, saiba que qualquer que seja a sua escolha sempre existirá um componente de peso testando sua persistência: seu cérebro! Como falei no artigo, nosso cérebro não gosta de mudança (pois isso consume muita energia), por isso, até que você se adapte às novas mudanças (passar pela fase do desconforto), seu cérebro irá preferir te conduzir para os velhos hábitos de sempre, por pior que sejam, do que tentar se livrar deles.
Faça sua escolha e comprometa-se com o processo necessário para que você alcance o resultado que espera. Tome decisões conscientes alinhadas ao que de fato é importante para você!
Espero ter lhe ajudado! Abraços