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Katiane Vieira

O polêmico comentário de Tallis Gomes e o papel da mulher no mundo corporativo

O fundador da Easy Taxi, Tallis Gomes, causou controvérsia ao afirmar que não aceitaria sua esposa como CEO, argumentando que isso "masculinizaria" as mulheres. A visão limitante sobre o papel feminino no trabalho e na família reacendeu debates sobre machismo e liberdade de escolha.
O fundador da Easy Taxi, Tallis Gomes, causou controvérsia ao afirmar que não aceitaria sua esposa como CEO, argumentando que isso "masculinizaria" as mulheres. A visão limitante sobre o papel feminino no trabalho e na família reacendeu debates sobre machismo e liberdade de escolha.

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Nesta semana, um comentário machista do fundador da Easy Taxi e presidente da G4 Educação, Tallis Gomes, gerou grande repercussão nas redes sociais.

Comentário de Tallis Gomes sobre as mulheres em cargos de CEO.Em um story no Instagram, ao responder a uma pergunta sobre sua visão em relação a mulheres ocupando cargos de CEO, Tallis afirmou: “Deus me livre de mulher CEO”.

Segundo ele, mulheres em posições de liderança tão altas passam por um processo de masculinização, priorizando a carreira em detrimento da família, e que o “melhor uso da energia feminina” seria no cuidado do lar e dos filhos.

Esse comentário trouxe à tona questões sobre papéis de gênero e a capacidade das mulheres de equilibrar a vida pessoal e profissional.

A afirmação de que o mundo começou a “desabar” quando o feminismo “obrigou a mulher a fazer papel de homem” reforça uma visão antiquada, que restringe as possibilidades das mulheres no ambiente corporativo.

 
Quebrando estereótipos: alta performance com equilíbrio

A visão apresentada por Tallis Gomes reflete um estereótipo ultrapassado que coloca mulheres em papéis tradicionais, limitando sua capacidade de liderar e equilibrar diferentes áreas da vida. Em contrapartida, o exemplo de Luiza Helena Trajano demonstra que é possível, sim, alcançar sucesso profissional sem sacrificar a família. O equilíbrio vem da gestão eficiente do tempo, do reconhecimento dos próprios valores e da capacidade de fazer escolhas conscientes sobre as prioridades de cada fase da vida.

A afirmação de que o sucesso como CEO implicaria em uma “masculinização” ou em perder as características femininas desconsidera a pluralidade de competências que mulheres trazem para o ambiente corporativo, como inteligência emocional, resiliência e empatia. Essas são qualidades essenciais para líderes e, longe de serem um “problema”, são o que permite que muitas mulheres floresçam como CEOs.

Luiza Helena Trajano e o equilíbrio entre carreira e família

Entre as respostas críticas ao comentário de Tallis Gomes, destacou-se a de Luiza Helena Trajano, presidente do Magalu, uma das maiores empresas de varejo do Brasil. Em um post no LinkedIn, Luiza afirmou que “não concorda em nada” com o posicionamento de Gomes e compartilhou sua própria experiência como CEO e mãe.

Ela destacou que criou três filhos enquanto ocupava cargos de liderança e trabalhava intensamente no Magalu. Além de cuidar dos filhos, também assumiu a responsabilidade de cuidar dos idosos da família. Em suas palavras:

“Criei três filhos trabalhando muito, inclusive como CEO do Magalu. Soube cuidar deles e dos idosos da família. Tenho amigas íntimas que optaram por ficar em casa para criar seus filhos mais de perto. Simplesmente escolheram outro estilo de vida, e nunca as critiquei. Tanto os meus filhos quanto os delas são felizes, comprometidos e legais. Sempre digo: não há receita para criar uma família.”
— Luiza Helena Trajano em post no LinkedIn.

O depoimento de Luiza Helena Trajano ressalta que o equilíbrio entre carreira e vida familiar depende das escolhas individuais e que não existe um caminho único para ser bem-sucedido. O importante é que essas escolhas sejam respeitadas, independentemente de a mulher optar por ser CEO ou decidir focar mais na vida familiar.

A construção do lar é uma responsabilidade compartilhada

Tallis também subestima o papel dos homens na construção de lares e relacionamentos familiares. Ele menciona que o “poder feminino” deveria ser usado para “construir um lar”, como se essa fosse uma responsabilidade exclusiva da mulher. No entanto, famílias modernas são construídas de forma coletiva, com parcerias equilibradas, onde ambos os parceiros contribuem não apenas financeiramente, mas emocionalmente e na criação dos filhos. Esse tipo de comentário desvaloriza a importância do homem no lar e impõe à mulher uma responsabilidade que deveria ser compartilhada de maneira justa e colaborativa.

O feminismo e a liberdade de escolha

Ao contrário do que Tallis Gomes sugere, o movimento feminista não impõe papéis masculinos às mulheres, mas sim a igualdade de direitos entre homens e mulheres em todas as esferas da sociedade, incluindo política, economia, educação, trabalho e relações pessoais – oferece a liberdade de escolher como desejam viver suas vidas.  

A ideia é justamente buscar eliminar as discriminações, violências e estereótipos de gênero, promovendo a liberdade de escolha para que mulheres possam definir suas próprias trajetórias, sejam elas profissionais, pessoais ou ambas, sem serem limitadas por normas ou papéis sociais impostos, justamente o que ele defende.

Algumas mulheres, como Luiza Helena Trajano, escolhem liderar grandes empresas e ainda assim priorizam a família; outras preferem se dedicar integralmente ao lar. E tudo bem! O que o feminismo propõe é que ambas as escolhas sejam igualmente válidas e respeitadas, sem que haja imposições sociais sobre o que é “certo” ou “errado” para uma mulher.

Luiza Helena Trajano traz um ponto crucial: não há receita única para criar uma família ou para equilibrar vida pessoal e profissional. A busca pelo equilíbrio é individual, e o sucesso de cada pessoa depende de suas prioridades e de sua capacidade de tomar decisões alinhadas com seus valores e objetivos.

Por fim, ressalto que o comentário de Tallis Gomes trouxe à tona um debate importante sobre os papéis de gênero no mundo corporativo, expondo uma visão ultrapassada e machista sobre o papel da mulher no mundo corporativo e familiar, e a realidade mostra que o equilíbrio entre carreira e vida pessoal é possível para qualquer pessoa, independentemente de gênero.

Visões como a de Luiza Helena Trajano mostram que o equilíbrio entre carreira e família é possível, e que as escolhas de cada pessoa devem ser respeitadas. Mulheres podem, sim, ser CEOs bem-sucedidas sem perder sua essência ou abrir mão da vida familiar, desde que tenham liberdade para fazer suas próprias escolhas e alinhem suas prioridades de maneira consciente.

Com a gestão adequada do tempo, o reconhecimento dos próprios valores e o suporte necessário, mulheres podem alcançar o sucesso profissional sem sacrificar sua saúde, família ou bem-estar. O que precisamos é de mais liberdade para escolhermos nossos caminhos, e não de regras antiquadas que nos impeçam de evoluir.

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Katiane Vieira

Escritora, palestrante e empreendedora social com foco em desenvolvimento sustentável. Seu objetivo é motivar as pessoas de todos os cantos do mundo a fazerem mais para que possam viver uma vida mais feliz, seja para obter mais benefícios de suas atividades diárias ou para viver uma vida cheia de emoções positivas e realizações únicas.

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